A estrutura da língua e a criação de gênero neutro
A estrutura da língua e a criação do gênero neutro no português brasileiro e suas implicações gramaticais.
O estudo da linguagem nasce a partir da curiosidade, da busca pela compreensão do funcionamento de algo que faz parte de nós tão, mas tão profundamente que muitos se surpreendem ao ouvir que a linguagem humana é um objeto do mundo natural e como tal pode ser estudado, assim como a nossa visão ou o nosso sistema digestivo.
Quando encontram algum problema que envolve uma língua, como um texto escrito que deveria ser fácil para muitas pessoas, mas é difícil, os linguistas questionam a situação e podem apresentar sugestões para as pessoas se comunicarem melhor.
Maria José B. Finatto, Gabriel L. Ponomarenko e Laura P. Berwanger
Uma das características distintivas da comunicação humana é o fato de ela depender, em grande parte, do reconhecimento das intenções que o emissor de um estímulo pretendeu comunicar com ele. Funcionando sentenças linguísticas como pistas de intenções a serem inferidas pelo ouvinte, interações conversacionais são constantes exercícios de leitura de mentes.
Cerca de 200 línguas são faladas no Brasil - e são cerca de 200 línguas maternas. Dado esse quadro de multilinguismo, é sempre bom lembrar - ou descobrir - que o português não é a língua materna para muitos que nascem no território nacional.
O comportamento linguístico é modelado pelas crenças e atitudes em relação à língua, que afetam o processo de constituição da identidade pela língua e pelo discurso, fazendo com que fenômenos variáveis não sejam igualmente percebidos por todas as pessoas.
A equipe foi conhecer e aprender sobre a experiência Kohanga Reo, os Ninhos de Língua, que em três décadas conseguiram reverter o alarmante quadro de perda linguística e cultural de seu povo. Conheceram também a educação fundamental Māori, as Kura Kaupapa. A proposta foi a de procurar levar essas boas ideias para o povo Kaingang, que, como grande parte dos povos indígenas no Brasil, vive preocupação semelhante de perda linguística, cultural e identitária.
Ao contrário da análise gramatical, que se concentra na estrutura das sentenças, a Análise do Discurso se concentra no uso amplo e geral da linguagem dentro e entre grupos específicos de pessoas.